Valor previsto para 2014 no Estado representa quase 40% do estimado para a região Sul do País
O consumo domiciliar de material de construção na região Sul do Brasil deve crescer 8% em 2014 e atingir R$ 23,2 bilhões até o fim do ano. Do consumo total estimado para esses produtos no País, essa região deve ser responsável por 18% dos gastos com material de construção, o que leva a um consumo per capita de R$ 948. Esse valor é 24% superior à média do País ou, em valores financeiros, R$ 186 a mais por habitante. As estimativas são do Pyxis Material de Construção, uma ferramenta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência.
Para o Paraná, a perspectiva de crescimento deve superar os 8%. No Rio Grande do Sul, a previsão de crescimento é de 6% a 8% e, em Santa Catarina, ficou abaixo de 6%. A pesquisa prevê que o consumo de material de construção no Estado deve ser de R$ 9,22 bilhões neste ano ou 39,7% do total da região Sul. O Rio Grande do Sul deve absorver 36,7% do consumo e Santa Catarina 23,5%.
Um conjunto de 15 cidades localizadas no entorno de Curitiba tem um crescimento esperado de 10% com um potencial de consumo de R$ 882 milhões em 2014, entre elas, Colombo, Campo Largo, Balsa Nova, Araucária, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais e Piraquara. Segundo o levantamento, o crescimento acima da média nesta área é justificado pela expansão imobiliária estimada em 11 mil novos domicílios apenas neste ano. Segundo a diretora de geonegócios do Ibope Inteligência, Márcia Sola, o principal motivo de o Paraná estar acima da média de crescimento prevista para a região Sul é a expansão do número de domicílios no entorno de Curitiba.
O supervisor financeiro Jovino Antonio de Araujo Júnior é um dos paranaenses que gastou com material de construção. Ele reformou a cozinha e o banheiro do apartamento, gastou R$ 6 mil de material e outros R$ 6 mil com mão de obra. Na cozinha, ele retirou uma parede que fazia divisão com a sala e colocou um balcão no local. No banheiro, trocou os azulejos, o vaso sanitário e a pia.
Ele contou que comprou há quatro anos o apartamento e financiou num prazo de 30 anos. Como tem a parcela mensal do financiamento, resolveu esperar um pouco para fazer a reforma. "Mesmo com todo o transtorno, vale a pena", disse. Ele ainda pretende reformar um quarto e mais um banheiro, daqui um tempo.
Desempenho
O presidente da Federação das Associações de Material de Construção do Paraná (Fecomac-PR), Selvino Bigolin, disse que o ano de 2013 foi bom para o setor com a participação forte do agronegócio que teve uma safra cheia e bons preços no mercado internacional. Isso trouxe mais recursos para os agricultores. "Os produtores rurais investem o dinheiro em imóveis novos, para locação ou mesmo para uso próprio", destacou.
Além disso, o desempenho positivo do agronegócio traz um efeito multiplicador e atinge outros setores das cidades como o comércio, segundo Bigolin. Para ele, os programas de financiamento de imóveis do governo federal e o financiamento da compra de material de construção (Construcard) também ajudam a alavancar o setor.
O presidente da Fecomac destacou que os novos recursos que o governo liberou neste ano para financiamento imobiliário e a ampliação de prazo para pagamento do Construcard devem levar o setor a ter um crescimento acima de 5% neste ano. Bigolin acredita que o crescimento de 8% estimado pela pesquisa é um número muito otimista.
Segundo ele, outra medida que ajudou a alavancar as vendas do setor foi a isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de 2013 para alguns itens básicos de material de construção. A extensão da isenção de impostos para 2014 também é outro motivo que deve ajudar a elevar as vendas neste ano. "Ajuda o setor porque os materiais se tornam mais acessíveis para o consumidor. É o consumo formiguinha", disse.
Ele acredita que os bons resultados previstos para o setor combinados com a desoneração da folha de pagamento por parte do governo federal devem levar os lojistas da área inclusive a abrirem novos postos de trabalho. Ele estima um crescimento de 3% no número de novas vagas no setor no Paraná para este ano.