Márcio Massaro, economista e professor universitário, diz que a combinação de real forte e aumento do poder de compra da população brasileira nos últimos anos formaram um combustível do atual processo de desindustrialização. O mercado interno cresceu muito e o dólar baixo incentivou os empresários a importarem. "Hoje, um quarto de tudo que a gente consome vem de fora", afirma.
O desiquilíbrio na balança comercial do Brasil também é um problema decorrente desta situação. "Há 12 anos, nosso saldo negativo era de 7 bilhões de dólares e, no ano passado, chegamos a 82 bilhões de dólares", declara.
Massaro lembra que, quando há deficit na balança, o governo tem de compensar. "Tem de tirar de algum lugar, vai emitir título da dívida pública, fazer empréstimo ou fabricar dinheiro. Não tem mágica", declara. O economista lamenta que a dívida pública brasileira esteja sendo aumentada para a compra de bens de consumo. "99% do que importamos dura seis meses. Se, pelo menos, estivéssemos aumentando a dívida para comprar máquinas e equipamentos para a nossa indústria, isso no futuro iria gerar riqueza", argumenta. (N.B.)
Fonte: Folha de Londrina, 28 de julho de 2014; fetraconspar.org.br