Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB). Somente de 2012 para 2013, essa participação caiu de 27,8% para 24,9%. Para Francisco José Gouveia de Castro, economista e coordenador do Núcleo de Macroeconomia e Conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), trata-se de um processo de desindustrialização. 
 
Segundo Castro, o fato se deve a vários fatores. Entre eles, a perda de produtividade e de competitividade no Brasil. "Nossa indústria está exportando cada vez menos", declara. O economista não acredita em recuperação rápida. Muito menos que essa recuperação tenha início no atual governo. "O governo não sinaliza nenhuma medida que possa começar a conter esse processo. Pelo contrário, continua a aumentar os gastos públicos", afirma. 
 
Sem confiar nos rumos da economia, de acordo com Castro, os industriais pisam no freio. "Da parte dos empresários, eles estão menos confiantes. Sabem que a inflação tira poder de compra da população e isso os desanima a investir na indústria", alega. 
 

Márcio Massaro, economista e professor universitário, diz que a combinação de real forte e aumento do poder de compra da população brasileira nos últimos anos formaram um combustível do atual processo de desindustrialização. O mercado interno cresceu muito e o dólar baixo incentivou os empresários a importarem. "Hoje, um quarto de tudo que a gente consome vem de fora", afirma. 

 

O desiquilíbrio na balança comercial do Brasil também é um problema decorrente desta situação. "Há 12 anos, nosso saldo negativo era de 7 bilhões de dólares e, no ano passado, chegamos a 82 bilhões de dólares", declara. 

 

Massaro lembra que, quando há deficit na balança, o governo tem de compensar. "Tem de tirar de algum lugar, vai emitir título da dívida pública, fazer empréstimo ou fabricar dinheiro. Não tem mágica", declara. O economista lamenta que a dívida pública brasileira esteja sendo aumentada para a compra de bens de consumo. "99% do que importamos dura seis meses. Se, pelo menos, estivéssemos aumentando a dívida para comprar máquinas e equipamentos para a nossa indústria, isso no futuro iria gerar riqueza", argumenta. (N.B.)

 

 

 

Fonte: Folha de Londrina, 28 de julho de 2014; fetraconspar.org.br