Os funcionários da General Motors de São José dos Campos, interior de São Paulo, aprovaram nesta terça-feira a proposta da montadora para a suspensão dos contratos de trabalho (layoff) de 930 metalúrgicos. As assembleias reuniram cerca de 2,5 funcionários pela manhã e mais 2 mil à tarde. O layoff foi pedido pela empresa no fim de julho, com a justificativa de adequar o volume de produção ao mercado, que está desaquecido. O sistema funciona como alternativa às demissões e, no período de afastamento, os salários são reduzidos e pagos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
O sindicato vinha se mostrando contrário à suspensão do contrato de trabalho porque não havia garantia da empresa de estabilidade no emprego. Em agosto de 2012, a GM também colocou em layoff 940 funcionários. Em março de 2013, após o retorno desses trabalhadores, 598 deles foram demitidos. Mas, segundo o sindicato, a GM garantiu em acordo que haverá estabilidade de emprego de até seis meses após o término do layoff, que deve começar no dia 8 de setembro e se estender até o início de fevereiro (cinco meses). A montadora confirmou que garantirá a volta dos trabalhadores após o layoff, com estabilidade por um período adicional. Caberá à GM escolher quais funcionários serão afetados pela medida e comunicar ao Ministério do Trabalho.
Na planta da montadora de São José dos Campos trabalham 5,4 mil pessoas. Lá são produzidos os veículos S10 e Trailblazer, além de motores, transmissão e CKD (kits para exportação).
— Estão acontecendo demissões, layoffs e férias coletivas, mas as montadoras não param de enviar seus lucros para as matrizes no exterior. O governo federal tem de assumir um compromisso com os trabalhadores, garantir a estabilidade no emprego e pressionar todas as montadoras para que cumpram o compromisso de não demitir — afirmou o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros.
No início do mês de agosto, a presidente mundial da GM, Mary Teresa Barra, se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e anunciou que a empresa fará investimentos de R$ 6,5 bilhões nos próximos cinco anos no Brasil. Ela não confirmou se a montadora fará um investimento de R$ 2,5 bilhões na fábrica de São José dos Campos, onde seria produzido um novo carro popular. O sindicato diz que o acordo coletivo fechado com a montadora prevê o investimento na unidade de São José dos Campos. Nas assembleias, os trabalhadores da GM também decidiram cobrar da montadora o investimento na unidade.
Em Taubaté, também no interior de São Paulo, a unidade da Volkswagen, iniciou um período de férias coletivas de 10 dias, com início ontem. Lá são montados os veículos Up (800 por dia) e Voyage (200 por dia). Em nota, a montadora confirmou as férias, mas não informou quantas pessoas foram afetadas. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região informou que os 4.500 funcionários da produção foram atingidos. Apenas a área administrativa se mantém em atividade. A justificativa para as férias coletivas também é adequar a produção ao menor ritmo de vendas.
Depois de um primeiro semestre com queda de 7,65% nas vendas e de mais de 35% nas exportações, as montadoras estão adotando medidas para ajustar o ritmo de produção ao fraco desempenho do mercado doméstico de veículos. Além da GM e da Volks, a Fiat colocou trabalhadores de sua fábrica de Betim, em Minas gerais, em férias coletivas por 10 dias (entre 11 a 20 de agosto). A Ford também optou por suspender o contrato de trabalho de parte dos trabalhadores de sua unidade de Taubaté, que tem cerca de 1.800 empregados. A Mercedes Benz também suspendeu os contratos de trabalho de 1,2 mil metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em julho.
No fim de julho, o BC afrouxou o recolhimento compulsório (dinheiro que os bancos tem que recolher ao BC sem remuneração) para estimular as instituições a concederem novos financiamentos para veículos. Os bancos ficaram mais seletivos na hora de conceder crédito, especialmente no segmento automotivo, depois que a inadimplência subiu. O governo também manteve o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido até dezembro.
FONTE: O Globo, 27 de agosto de 2014; fetraconspar.org.br