Horas trabalhadas registraram alta de 2,6% em julho ante junho, mas apresentaram queda de 4,2% em relação a 2013
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reportou ontem que a atividade industrial ocupou 81,4% da sua capacidade instalada no mês de julho, ante 79,7% registrada em junho, na comparação dos dados sem ajuste sazonal. Com ajuste, a capacidade instalada ficou em 81% na comparação com 80,4% em junho.
As horas trabalhadas registraram alta, de 2,6%, em julho ante junho, mas apresentaram queda de 4,2% na comparação com o mesmo mês em 2013. Na comparação dos intervalos de janeiro a julho de 2013 e 2014, a pesquisa mostra uma retração de 2,3% nas horas trabalhadas.
A pesquisa da CNI também aponta uma piora de 0,2% no nível de emprego do setor industrial em julho. Entre janeiro e julho deste ano, comparado com o mesmo período de 2013, o nível de emprego cresceu 0,7%. A massa salarial recuou 0,2% em julho, pelo quinto mês consecutivo de queda. No acumulado do ano, porém, houve um crescimento de 3,2% no rendimento do trabalhador da indústria.
O faturamento do setor de transformação apresentou uma alta de 1,3% em julho ante junho, mas pontuou recuo de 1,7% nos primeiros sete meses do ano quando comparado com o mesmo intervalo de 2013.
PIB
A melhoria, contudo, não deve recuperar a atividade ao longo de 2014. A CNI trabalha com uma redução de 1,7% para o PIB da indústria para o ano, ante queda de 1,5% da previsão anterior. Para o PIB apenas da indústria de transformação, a estimativa é de que haja um recuo de 2,5%. Para o PIB do País, a previsão da CNI é de crescimento de 0,5%. "Temos uma expectativa para 2014 de um resultado negativo para a atividade industrial", afirmou o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
O executivo da CNI se disse confiante em uma melhora da indústria para 2015, independentemente de qual candidato vença a corrida presidencial. "Eles (candidatos) já sinalizaram as mudanças que podem ocorrer", observou. "Mas precisamos de uma sinalização mais clara de como vão acontecer. Por exemplo, por quanto tempo será a reforma tributária", disse.
Dinamismo
O quadro de estagnação na economia e as projeções pessimistas de crescimento do PIB em 2014 não devem assegurar uma retomada nas contratações pelo setor industrial neste ano. A estimativa é de Castelo Branco. "O ritmo de crescimento não gera mais dinamismo no nível de emprego na indústria", afirmou.
O nível de emprego apresentou o quinto mês consecutivo de queda. A massa salarial real paga pela indústria ao trabalhadores também pontuou a quinta queda seguida. Embora tenha havido melhora em relação a junho, de acordo com Castelo Branco, o crescimento em itens como faturamento real das empresas, horas trabalhadas e nível de capacidade foram uma recuperação natural de variáveis após queda causada pelo ritmo lento da atividade industrial no mês da Copa.
O gerente da CNI avaliou que o ciclo de alta nos juros, agora estabilizado com a Selic em 11%, juntamente com incertezas em relação à economia diante da disputa pelo Palácio do Planalto e a estiagem, que afeta o desempenho do setor elétrico, "está minando a confiança dos empresários em relação a investimentos". "Mantido o nível atual, o setor (industrial) vai apresentar retração em 2014", afirmou.
Fonte: Folha de Londrina, 05 de setembro de 2014; fetraconspar.org.br