Preocupação com a piora da economia tem o maior peso sobre o câmbio.
Analistas também atribuem parte da alta a temores com o futuro da Grécia.

 

Desde 2004 o dólar não atingia uma cotação tão alta frente ao real como no início de 2015. A moeda norte-americana chegou a bater R$ 2,87 nesta quarta-feira (11), um avanço de quase 8% desde o início do ano.

 

Para analistas consultados pelo G1, a tendência é de que o real perca ainda mais valor frente ao dólar nos próximos meses, chegando ao patamar de R$ 3.

 

A aversão do mercado com a piora da economia brasileira explica a alta acentuada do dólar nos últimos dias, seguno o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "Os últimos dados econômicos confirmam que a política de ajustes do governo [anunciada pela nova equipe econômica] pode não surtir o efeito esperado", avalia.

 

No último boletim Focus, do Banco Central, o mercado prevê uma estagnação da economia e inflação oficial de 7,15% até o fim do ano, depois que as contas públicas apresentaram o pior resultado da história em 2014.

 

Galhardo acredita que esses dados podem levar o mercado a levar a cotação da moeda para um teto em torno de R$ 3 nos próximos meses. "Apesar de ajudar a indústria exportadora [uma vez que o real 'barato' torna os produtos brasileiros mais competitivos lá fora], o dólar não poderá passar muito deste patamar, sob o risco de impactar na inflação", analisa.

 

No cenário internacional, preocupações com o futuro da Grécia – que corre o risco de deixar a zona do euro após questionar o pagamento de sua dívida a credores –, deixaram o dólar volátil no exterior e também influenciam a alta da moeda, observa a economista da CM Capital Markets Jéssica Strasbourg.

 

"Sabemos, contudo, que a deterioração da situação econômica no Brasil tem um peso muito maior sobre a alta do dólar do que o cenário externo", analisa. Em 2014, o dólar avançou 12,78% frente ao real.

 

Fonte: G1, 12 de fevereiro de 2015; fetraconspar.org.br