Claudia Narcizo, de 29 anos, atua como gestora de qualidade e produção.
Desenvolver profissionais foi o que a motivou a subir degraus na carreira.
Claudia Maria Narcizo, de 29 anos, lidera há cinco uma equipe formada 17 por homens em uma multinacional do setor metalúrgico em Piracicaba (SP). A idade não faz dela uma típica balzaquiana, nem precisaria, porque desde muito jovem, a gestora de qualidade já sabia onde queria e podia chegar. O tempo e a experiência lhe deram maturidade e sabedoria para lidar com situações que um cargo de chefia pedem, mas um deles ainda a sensibiliza.
Em época de redução de mão-de-obra, "demitir ainda é o mais difícil para mim", ela diz, "porque entendo que, na minha função, desenvolvo e preparo pessoas, mas apesar disso, sei que essa ruptura não mexe apenas com o funcionário, mas com todos que convivem com ele".
Claudia entre outros gestores, surpevisores e gerentes de área (Foto: Claudia Narcizo/Arquivo Pessoal)
À frente de um grupo que já chegou a ter 27 homens, entre mecânicos, inspetores e analistas, ela sabe bem qual é o papel de uma líder e da importância que exerce na trajetória profissional de quem passa por ele. A empresa, que se enquadra em atividades de metalurgia pesada, tem 4 mil funcionários, sendo 574 mulheres, cerca de 14% do total do quadro de trabalhadores.
Na fábrica, são cerca de 3 mil funcionários operacionais, dos quais 325 mulheres, 11% deste valor.
Claudia começou a trabalhar na Caterpillar aos 18 anos, quando conseguiu o primeiro estágio na área técnica de Qualidade. "Quando comecei, era muito nova e deslumbrada com todo aquele maquinário, tive alguém que me motivou e enxergou minha capacidade de evolução e perguntou por que eu gostaria de ficar na empresa", lembrou.
Um ano depois, ela teve chance de participar do processo seletivo para auxiliar de operações, função que realizou por seis meses, antes de tornar-se analista.
A oportunidade de crescimento que a empresa oferecia, mesmo antes de ser efetivada, aliada à vontade de permanecer na área de Qualidade a fizeram sonhar com degraus mais altos.
"Lutei para provar que eu era capaz de crescer", contou, ressaltando ainda que o poder de decisão confiado pelos superiores lhe serviu de" impulso" na profissão.
Na função de analista de qualidade da fábrica, o contato direto com a produção fortaleceu ainda mais o interesse em estar à frente de projetos e trabalhos internos.
"Comecei a receber feedbacks positivos das pessoas da minha equipe, que apontavam meu perfil de gestora. Participei do programa de orientação de carreira da empresa e fui avaliada com alto potencial para vaga", disse.
Estímulo
O fato de estar entre funcionários mais velhos e ser a única mulher entre eles não é motivo de preocupação para Claudia, que disse nunca ter sido vítima de preconceito. "Ao contrário, me serviu como incentivo", afirmou.
Paulo Túlio, de 34 anos, é inspetor de qualidade liderado pela jovem. Sensibilidade e capacidade de comunicação são algumas das características que ele elencou para descrever a postura da chefe. "Ela nos trata com atenção e firmeza. É uma excelente profissional", contou.
Fonte: G1, 09 de março de 2015; fetraconspar.org.br