A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem mostra que o Banco Central não tem mais a percepção de que a inflação entre em 2015 em um período de declínio, ao contrário do que constava na ata de janeiro. No relatório divulgado hoje o BC observa que o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia.
Esses processos de ajustes são realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e o realinhamento dos preços administrados em relação aos livres.
O comitê considerou ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação desses ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável para este ano. "Nesse contexto, e conforme antecipado em notas anteriores, esses ajustes de preço fazem com que a inflação se eleve no curto prazo e tenda a permanecer elevada em 2015", admitiu. Ao mesmo tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o comitê reafirmou agora sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes.
O BC passou a utilizar a palavra "ao longo" do próximo ano ao falar da convergência da inflação para a meta de 4,5%. Substitui a avaliação "no próximo ano" para "ao longo" de 2016. Segundo o BC, os efeitos conjugados de demanda, consumo das famílias, crédito, investimentos, exportações, política fiscal e condições financeiras favoráveis são fatores importantes no qual decisões futuras sobre a taxa Selic serão tomadas para assegurar a convergência ao longo de 2016.
PIB
O BC avaliou que o ritmo de expansão da economia em 2015 será inferior ao potencial. Para o Comitê, o ritmo de atividade tende a se intensificar na medida em que a confiança de firmas e famílias se fortaleça. Além disso, avaliou que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta."O consumo tende a crescer em ritmo moderado; e os investimentos tendem a ganhar impulso. Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial", salientaram os diretores no documento.
Fonte: Folha de Londrina, 13 de março de 2015; fetraconspar.org.br