Representantes de centrais sindicais defenderam há pouco mais fiscalização do Ministério do Trabalho e a instituição de impostos - como o sobre fortunas, e lucros e dividendos - como forma de conter os desvios na concessão do seguro-desemprego e aumentar a arrecadação da União.
As centrais participam agora de uma audiência pública promovida pela comissão mista que discute a Medida Provisória 665/14. Editada pelo governo no final do ano passado, a MP cria novas regras para o seguro-desemprego e abono salarial.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que um estudo da entidade e do Dieese apontou que a criação de impostos sobre grandes fortunas, sobre lucros e dividendos, sobre a remessa de dividendos para o exterior e sobre aviões e embarcações de luxo poderia gerar uma arrecadação de mais de R$ 37 bilhões, valor superior aos R$ 18 bilhões que o governo alega que vai economizar com as MPs do ajuste fiscal que afetam beneficios previdenciários e trabalhistas (664/14 e 665/14).
"O governo poderia arrecadar muito mais sem mexer em nenhum direito dos trabalhadores", disse Torres.
Fiscalização
O presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antônio Fernandes dos Santos Neto, defendeu o aumento da fiscalização como forma de combater a rotatividade no mercado de trabalho, principal razão para o crescimento das concessões do seguro-desemprego no País. A rotatividade acontece quando há substituição de um empregado por outro no mesmo posto de trabalho.
Segundo ele, o deficit de auditores do trabalho chega a mil em todo o País. "O Ministério do Trabalho encontra-se sucateado", disse Santos Neto.
Ele disse ainda que apenas 6,2% das empresas foram responsáveis, em 2013, por quase 64% das demissões de trabalhadores que procuraram o seguro-desemprego. Para ele, bastaria que a fiscalização acompanhasse esse universo para apurar eventuais irregularidades na concessão do benefício.
Sem diálogo
Já o presidente da presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, criticou o envio das MPs 664 e 665 sem um diálogo prévio com o movimento sindical. Ele lembrou que no ano passado o próprio governo, em reunião com as centrais, havia se comprometido a discutir com elas qualquer mudança relativa ao mundo do trabalho.
"Me deixa perplexo iniciar o processo de ajuste com a área mais vulnerável, que é a do trabalho", disse Patah. Segundo ele, as centrais estavam abertas ao diálogo, podendo apresentar sugestoes, mas não foram ouvidas.
A audiência pública acontece no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
Fonte: Agência Câmara, 08 de abril de 2015; fetraconspar.org.br