O atraso nos pagamentos do Minha Casa Minha Vida e o teto dos preços de comercialização dos imóveis do programa estão fazendo com que construtoras procurem alternativas.

A gaúcha Sul Empreendimentos Imobiliários, por exemplo, passou a investir no setor hoteleiro.

"Construímos 350 unidades sozinhos e outras 800 em parceria com outra empresa, mas agora estamos largando o programa. Os valores pagos são muito baixos. Por isso, passamos a trabalhar com hotéis", diz Paulo Piazzon, sócio da companhia.

Na paranaense CasaAlta, que já construiu 43 mil casas para o Minha Casa e tem outras 42 mil contratadas, os atrasos nos pagamentos começaram em novembro.

Hoje, a empresa tem para receber R$ 39 milhões, que deveriam ter sido pagos há cerca de 30 dias. "Estrategicamente, começamos a pensar em outras alternativas. Se não estão podendo pagar o que já está contratado, como vão contratar mais?", indaga o presidente, Juarez Wieck.

O empresário afirma que gostaria de deixar a faixa 1 do programa, na qual estão concentradas 50% de suas obras.

Apenas na faixa 1 são registrados atrasos de pagamento. Enquanto ela é bancada pelo Fundo de Arrendamento Residencial, a 2 e a 3 são pelo FGTS.

Na Bigolin, companhia de Mato Grosso, a perda de receita com o Minha Casa é compensada pelas vendas das lojas de material de construção do grupo.

No auge do programa, em 2012, 50% do faturamento era gerado pela construtora e 50% pelo varejo. Hoje, o comércio avançou para 65%.

"Se pudéssemos, largaríamos [do Minha Casa Minha Vida] agora mesmo, pelo menos da faixa 1, mas temos um compromisso", diz a empresária Lucimar Bigolin.

O Ministério das Cidades, responsável pelo programa, afirma que o cronograma de pagamentos está com o fluxo normal.

Fonte: Folha de S.Paulo, 8 de abril de 2015;  fetraconspar.org.br