Além de ter dobrado índice de queda para este ano, organismo reviu sua projeção de crescimento para 2016 e, agora, espera uma retração também no próximo ano.
 

Além de piora em previsão de queda da economia do BrasilFMI agora espera retração também em 2016. O Fundo Monetário Internacional (FMI) dobrou nesta terça-feira sua projeção de queda para a economia brasileira.Segundo a mais nova versão do relatório World Economic Outlook (Perspectivas da EconomiaGlobal), divulgada durante encontro anual do Fundo em Lima, no Peru, a economia brasileira vai encolher 3% em 2015. Em julho, a aposta era de contração de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O corte na projeção, de 1,5 ponto percentual, foi o maior entre as previsões do relatório para as principais economias emergentes e avançadas.

Para 2016, a redução da expectativa do FMI foi ainda maior, passando de projeção de crescimento de 0,7%, divulgada em julho, para previsão de queda de 1% no PIB no novo documento.

O relatório traz um cenário mais pessimista para este ano do que o traçado pelo mercado brasileiro. O mais recente boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central a partir de consultas a economistas e instituições financeiras, prevê contração de 2,85% da economia em 2015 e de 1% em 2016.

Veja alguns dos principais pontos destacados na avaliação do FMI:

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1. Condições políticas

FMI diz que maior retração no Brasil afetará economias da América Latina

O FMI destaca o impacto do que considera uma deterioração das condições políticas no Brasil sobre a economia.

"No Brasil, a confiança das empresas e dos consumidores continua a recuar em grande parte por causa da deterioração das condições políticas, o investimento está em rápido declínio e o necessário aperto na política macroeconômica está pressionando para baixo a demanda doméstica", diz o documento.

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2. Impacto regional

De acordo com o FMI, a retração "maior do que a esperada" da economia brasileira terá um impacto nos países da América Latina e do Caribe.

O relatório diz que a situação no Brasil terá um "significativo impacto negativo sobre o crescimento de grandes partes da região, dados o tamanho e a interconectividade da economia brasileira".

A previsão é de queda de 0,3% no PIB da região neste ano. Para 2016, um crescimento de 0,8%.

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3. Situação global

Segundo as projeções do FMI, a economia mundial vai crescer 3,1% em 2015, abaixo dos 3,3% previstos anteriormente e dos 3,4% registrados no ano passado.

Em 2016, o avanço deverá ser de 3,6%, projeção menor que os 3,8% estimados anteriormente. Entre as principais economias avançadas e emergentes analisadas, apenas a Rússia e a Venezuela têm projeção de queda maior que o Brasil.

Para a Rússia, a contração está prevista em 3,8% neste ano. No caso da Venezuela, a previsão de queda é de 10% neste ano e de 6% em 2016.

A queda nos preços das commodities é apontada como um dos principais fatores para o que o FMI classifica de "crescimento moderado e desigual" da economia global, com impacto negativo principalmente sobre economias emergentes.

O relatório também menciona mudanças na economia chinesa e a perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos.

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4. Inflação

O relatório prevê que a inflação no Brasil fique em média em 8,9% em 2015, acima do teto da meta estabelecida pelo governo (de 6,5%).

Segundo o FMI, essa projeção reflete um ajuste nos preços administrados e depreciação da taxa de câmbio, com o real desvalorizado perante o dólar.

No próximo ano, a inflação deve ficar em 6,3%, seguindo tendência de declínio prevista para as economias emergentes.

Segundo o FMI, a inflação deve convergir para o centro da meta (4,5%) nos próximos dois anos.

Quando considerada a inflação acumulada em 12 meses, a projeção do FMI é de 9,3% neste ano e 5,5% em 2016.

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5. Reformas

O relatório traz sugestões de reformas para o Brasil e outras economias emergentes.

Segundo o FMI, países como Brasil, Indonésia e Rússia deveriam relaxar limites sobre comércio e investimentos e melhorar as condições de negócios.

Outra sugestão para o Brasil é a implementação de reformas na educação e no mercado de trabalho que aumentem a competitividade e a produtividade.


Fonte: G1, 07 de outubro de 2015fetraconspar.org.br