Indicador desde janeiro na capital paranaense é de 9,42%, o maior do País; alta em setembro foi puxada pelo reajuste do botijão de gás

 

 

 

 


A inflação oficial acumulada no ano se aproximou dos dois dígitos em Curitiba já em setembro, apesar de a região metropolitana da capital ter ficado com o sétimo índice mais alto no mês entre as 13 pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 0,54%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem chegou a 9,42% na capital paranaense apenas nos primeiros nove meses do ano e já bateu em 11,12% em 12 meses, os maiores indicadores do País. A alta de impostos estaduais e os reajustes de preços administrados pelo governo são apontados como causas para o resultado local. 

No Brasil, o IPCA de setembro também ficou em 0,54%, acima dos 0,22% de agosto, mas abaixo dos 0,57% do nono mês do ano passado. O resultado deixa o País com 7,64% no acumulado de janeiro a setembro e com 9,49% nos últimos 12 meses. 

O vilão da inflação deste mês foi o botijão de gás, que teve o reajuste de 15% autorizado pela Petrobras nas refinarias a partir de 1º de setembro. No País, o aumento no preço do produto representou 0,14 ponto percentual (p.p.) dos 0,54 p.p. do IPCA de setembro. Novamente, Curitiba não registrou o maior aumento no valor do item no mês, com 12,14%, mas tem o maior acumulado nos nove meses do ano, com 23,91%. 

Coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo em Curitiba, Lucas Dezordi afirma que o Paraná tende a ter um índice ao menos 1 p.p. acima do nacional devido à elevação de impostos promovido pelo governo estadual. "O Estado sofreu muito com os aumentos de ICMS, que em 5 mil produtos foi de 12% para 18%, do IPVA e dos reajustes mais pesados que em outros locais em energia elétrica", explica. 

O professor de economia Antonio Eduardo Nogueira, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), afirma que os gastos dos governantes ficaram muito elevados nos últimos anos, o que gerou pressão inflacionária. "É por isso que o ministro tenta cortes de gastos e aumentos de juros, para pagar os custos da máquina", conta. 

Com os reajustes em insumos como gás, eletricidade e combustíveis, Nogueira lembra que toda a cadeia produtiva acaba atingida. "A economia entra em desaceleração, a arrecadação do governo diminui e é preciso fazer cortes, o que não dá resultado imediato e gera problemas na sociedade, como o desemprego", diz. 
Em outubro, o vilão da vez deve ser os combustíveis, conforme Dezordi. "Depois do gás, que eleva o custo na habitação, o problema será nos transportes", lembra. Para ele, o único alívio para o bolso do consumidor será sentido se o dólar perder força. "É algo que mexe com os insumos de empresas e que depende hoje do cenário político do País", conta o professor da Positivo. 
 

Por grupo


Além do botijão de gás, o grupo Habitação (1,30%) sofreu pressão da elevação da taxa de água e esgoto, de 1,48% no País. Curitiba teve o maior reflexo no mês, pela alta de 8% da tarifa de água e esgoto em vigor desde 1º de setembro. Na sequência aparecem aluguel residencial (0,59%), condomínio (0,45%) e energia elétrica (0,28%) no índice do País. 

No grupo Transportes (0,71%), o principal fator foi o aumento de 23,13% das passagens aéreas. Em Vestuário (0,50%), o motor foi a alta de 0,78% dos calçados e em Saúde e Cuidados Pessoais (0,55%), a de 1,06% dos planos de saúde. 

Nos alimentos, o aumento de 0,24% em setembro foi puxado pelo valor do consumo fora de casa, que subiu 0,77%. Dentro de casa, o custo caiu 0,05%, com a maior alta da batata-inglesa, de 7,26%, e a maior baixa da cebola, de 18,85%, de agosto para setembro.
 

Fonte: Folha de Londrina, 08 de outubro de 2015fetraconspar.org.br