por Gustavo Uribe e Laís Alegretti



O presidente Michel Temer elabora estratégia para evitar que a reforma da Previdência seja afetada pela autorização de abertura de inquérito contra oito ministros da gestão peemedebista. Com a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin de dar prosseguimento aos pedidos da Procuradoria-Geral da República, o peemedebista tem tratado do tema desde a noite de terça-feira (11) com auxiliares da área econômica e política. O receio é que a abertura de investigações contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, principal articulador da proposta junto ao Congresso, e contra o relator da reforma previdenciária, deputado federal Arthur Maia (PPS-BA), possa atrasar o cronograma de votação e obrigar o presidente a fazer novas flexibilizações para aprová-la. A ideia do presidente é tentar blindar a proposta do aspecto político e reforçar o seu aspecto técnico. Para isso, o Palácio do Planalto pretende aumentar as aparições públicas de ministros como Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) em defesa da iniciativa. A estratégia é transformá-los em "garotos propaganda" da reforma, tentando desvincular a iniciativa de ministros do núcleo político. O presidente também irá intensificar a defesa da proposta em discursos públicos, reforçando que, sem ela, a situação do país poderá ficar ainda mais instável. Em relação à base aliada, Temer avalia reunir-se pessoalmente com cada bancada governista até o final da semana que vem e deve permanecer em Brasília no feriado para se encontrar com ministros e parlamentares. Nas palavras de um aliado do presidente, a reforma é uma boa maneira de tentar "tirar o foco" das denúncias contra governistas. Com o mesmo objetivo, Temer também aumentará o número de agendas públicas no esforço de impor uma pauta positiva e tentar demonstrar normalidade, reforçando que a abertura de inquéritos não irá paralisar o governo peemedebista. O Palácio do Planalto não esperava que a divulgação da lista acontecesse antes da Páscoa, às vésperas da apresentação do relatório da reforma, marcada para a segunda-feira (17). A avaliação é que os pedidos de Fachin contra ministros e parlamentares podem causar "turbulência" no Congresso, atrapalhando o andamento do texto. O presidente decidiu não se posicionar publicamente sobre o pedido de investigação de nove ministros e determinará que cada auxiliar faça sua defesa individual daqui para frente. No primeiro momento, afirmam assessores, Temer não vai demitir nenhum deles, mas quer evitar o desgaste generalizado de seu governo.




Fonte: Bem Paraná / Folhapress, 13 de abril de 2017fetraconspar.org.br