"Isto pode ter efeito sobre todo o jogo político. Os deputados e os senadores vão pensar muito antes de aprovar as reformas que os indisponham com o eleitorado, já que correm o risco da cassação pelo voto em 2018, perdendo o foro privilegiado", analisa o professor. 

Ele e outros quatro professores da Unicamp, em entrevista ao jornal da universidade, avaliam as consequências da divulgação da chamada Lista de Fachin – que traz dezenas de políticos, entre ministros, senadores, deputados e governadores, que agora são investigados a partir das delações de executivos da Odebrecht – para o atual cenário político, agora em xeque. O termo é referência a documento divulgado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.
 

O analista ressalta que a base parlamentar do governo Temer não tem legitimidade para promover alterações constitucionais, como pretendem com os projetos de reforma em discussão na Câmara. "O esforço do governo será sem dúvida o de votar o quanto antes. Alguns membros de sua base parlamentar chegam até a cogitar em fechamento de questão, o que soa como um absurdo, porque as cúpulas partidárias estão mergulhadas em denúncias e não têm legitimidade para decidir por sua conta sobre mudanças na Constituição."
 

Velasco e Cruz afirma, ainda, que o cenário de crise institucional se agrava porque as leis dependem da "interpretação livre e 'criativa' dos funcionários do Estado encarregados de aplicá-las". Ele acrescenta que o Judiciário, que deveria ser "elemento decisivo" na solução da crise, passou a fazer "parte essencial do problema".



 

Fonte: Vermelho, 17 de abril de 2017fetraconspar.org.br