Dados do Dieese indicam que 77% das negociações resultaram em ganhos reais, apontando para uma vitória expressiva dos trabalhadores, com a variação média superando o INPC em 1,11%
por Bárbara Luz
Em um ano desafiador, marcado por incertezas econômicas, os trabalhadores brasileiros tiveram motivos para comemorar em 2023. De acordo com dados parciais divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na última quinta-feira (18), quase 80% das negociações salariais resultaram em reajustes reais, superando a inflação.
O painel parcial de 2023, composto por 19.531 reajustes salariais, mostra que 77% dos casos registraram ganhos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC); 17,3%, reajustes permaneceram iguais a esse índice inflacionário e 5,7% ficaram abaixo dele. A variação real média no ano, até o momento, é de 1,11% acima desse índice inflacionário, mostrando uma valorização real dos salários.
O setor industrial desponta como líder, registrando aumentos reais em 82,2% dos reajustes, seguido pelos serviços, com ganhos reais em 79%. O comércio também apresenta resultados sólidos, com 56,4% dos casos superando a inflação.
Variação por região
A análise por região geográfica revela que o Sudeste liderou com 81,2% dos reajustes acima do INPC, enquanto o Nordeste ficou próximo, registrando 70,9%. No entanto, é crucial notar que até mesmo a região com menor desempenho, o Norte, ainda apresentou 61,4% dos reajustes acima da inflação. No Sul, apenas 1,6% dos casos ficaram abaixo do INPC, destacando um cenário relativamente mais favorável.
Olhando para o cenário mais recente, em dezembro, o Mediador registrou 48 reajustes salariais, dos quais 83,3% resultaram em ganhos acima do INPC, enquanto 16,7% tiveram apenas recomposição das perdas passadas. A variação real média dos reajustes de dezembro é de 1,52% acima do INPC, representando uma inflação em comparação com as quatro bases anteriores.
Dezembro de 2023
Os dados referentes aos reajustes salariais de dezembro de 2023 demonstram uma continuidade da tendência positiva, com 83,3% dos casos resultando em ganhos acima do INPC; outros 16,7% tiveram apenas recomposição das perdas passadas. Não houve, até o momento, reajustes abaixo do INPC.
Embora o Dieese alerte sobre a possibilidade de alterações devido ao baixo número de registros, a variação real média até agora é de 1,52% acima do INPC, indicando uma potencial inflexão em relação às datas-bases anteriores.
Apesar desses números positivos, é importante considerar que o quadro ainda pode ser alterado devido ao baixo número de registros de dezembro. O reajuste necessário, equivalente à inflação de 12 meses apurada pelo INPC, está em queda, chegando a 3,71% para as negociações com data-base em janeiro de 2024.
VERMELHO